quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ÁRVORE DA CIÊNCIA



Não se chega ao conhecimento sem dores...
E o paraíso da inocência e do desconhecimento terá de ser deixado para trás, na dolorosa, necessária e inevitável busca de cada um em re-encontrar seu lugar, descobrindo seu papel na nova e dura realidade que se vive fora do Éden.
Ainda hoje subsiste em círculos religiosos a idéia de que a “Árvore da Ciência” fará mal aos que se alimentarem dela: pensar está relacionado à “culpa”, ao “medo” à morte e é claro, à arma secreta que subjuga consciências, mantendo-as jungidas aos sistemas sacerdotais (seja de que religião for): o pecado!
É “pecado” pensar diferente do que se nos diz em nossa religião.
Você pode “morrer espiritualmente” se pensar diferente.
O “medo” e a “culpa neurótica” (não culpa real, mas imposta) são o produto final de todo um sistema milenar, estruturado de tal modo, que nos faz ter medo e culpa por divergir das advertências aterradoras feitas pelos sacerdotes (mullah, pastor, padre, rabino, etc.).
Essa concepção colocará também um sentimento inteiramente novo no homem: a vergonha.
A “Árvore da Ciência” por si mesma não faria mal ao homem, mas a atitude do homem para com ela, o uso ilegítimo e extemporâneo.
Quando me refiro a “ilegítimo”, remeto minhas reflexões à questão da “Razão Instrumentalizada para o Mal”, a mesma que decepcionou tantas vezes a humanidade quando por meio do “Iluminismo” ou outras revoluções culturais, parecia ser a resposta para todos os problemas humanos e nos prometia o paraíso de volta, mas tal coisa não aconteceu, antes até os nossos dias vivemos sob o signo do medo, quando nações – como Irã, Coréia, Israel, Índia ou Paquistão – ameaçam a espécie humana com armas nucleares (um risco cada vez mais próximo e possível).
Isso porque o conhecimento formal, técnico, o saber cientifico em seu aspecto concreto que produz as maravilhas tecnológicas, é apenas um viés, e eu diria o mais elementar fruto colhido da Árvore da Ciência.
É aqui que como preconizava Michel Foucault, encontramos o desenvolvimento das “ciências humanas, para conhecer melhor o homem e dominá-lo melhor”.
Essa razão instrumental aparta de si os loucos, os criminosos; mas não os loucos que mascaram sua loucura na razão, e nem os criminosos que praticam seus crimes contra a humanidade, mascarados e acobertados por leis que os beneficiam.
Jesus disse no Evangelho de Lucas, que os escribas e doutores da lei, tomaram a “Chave da Ciência”, e por fazer mau uso dela, nem entraram no Reino (a dimensão da paz e reconciliação) e ainda impediram os homens de entrar.
Essa apropriação do conhecimento e utilização dele como “ferramenta de terror” é o que mais fazem os religiosos, quando lançam sobre os demais – especialmente os que ousam discordar deles – as imprecações e ameaças de castigo, caso os homens não se submetam ao seu modo de pensar.
Os riscos de possuir tais chaves são enormes e sempre estão presentes: as virtudes que cultivam os enganarão quando em nome de Deus imporão o seu próprio nome, sucumbirão às glorias enquanto afirmam buscar a gloria de Deus e talvez o pior – vão assegurar que Deus julgará as pessoas, quando na verdade, os critérios e veredictos serão ditados por eles!
Mais coisas do que poderíamos dizer estão contidas aqui neste grande mistério!
De tudo que vemos hoje em dia por ai, o que realmente nos deixou e ordenou Jesus que fizéssemos?
São os doutores da lei que hão de ditar cada mandamento, regra, preceito e ordenança.
E eles hão de discordar, discutir e brigar em cada segmento, partido, grupo e haverá guerra até mesmo dentro do próprio individuo, na negação e afirmação de cada propriedade, perfume e sabor do fruto daquela árvore...
Mas perdemos a inocência e com ela finda nosso paraíso.
Agora estamos conscientes da dor, do trabalho e da morte.
A ciência nos trará confortos e aliviará as dores deste mundo hostil: não sejamos ingratos para com ela.
Vamos tentar lá fora, plantar nossa vinha, cultivar flores, regar nossa horta e nos assentar em silêncio nalgum lugar solitário, especialmente ao cair da tarde, na viração do dia, quando alguma brisa suave nos encher de saudades daquela visita...


Darckson Lira.

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